sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Desafios? A gente dá nossos pulos.

Muita, mas muita coisa mesmo rolou nesse tempo todo (5 meses!) que não escrevia uma linha por aqui.
Ainda bem, né? Quer dizer que eu andava muito ocupada e ocupações sempre são boas. =)
Mas vamos aos fatos.

Fato I - Oficina sobre Sustentabilidade no bairro Canindezinho - Fortaleza.

Pois foi. Eu nunca havia realizado uma oficina sobre qualquer coisa que envolvesse meio ambiente. Não porque eu não quisesse ou não sabia como proceder com essa temática, mas simplesmente porque não tinha rolado uma oportunidade. Mas, como a vida sempre nos traz uns desafios, então fui. 
Realizada com o apoio do Centro Cultural Bom Jardim, a oficina de fanzine foi um dos módulos de uma grande aglomeração de oficinas(cadernos artesanais, pinturas etc). Porém, como tudo na vida, na MINHA VIDA especialmente, nada foi fácil. 


Desafio I - Duas turmas uma só conversa.

A turma era formada por várias faixas etárias. Por que foi um desafio? Porque eu nunca tinha trabalho em uma situação assim. O público das minhas oficinas geralmente são crianças e jovens, além disso, a maioria dos espaços são escolas ou universidades. OK, você pode achar que não é lá tão difícil ensinar a fazer fanzine, ao mesmo tempo, para pessoas de diferentes idades. Já para algumas outras pessoas, isso se torna super complicado. E, lógico, como tudo na minha vida... eu só escutava gente me falando que eu iria quebrar muito a cabeça nessa situação. Então, fiquei logo muito tensa.
Mas, como Deus é bom(Amém!), eu tive uma sorte tremenda de pegar pessoas ótimas, tanto os novinhos quantos os adultos para se trabalhar. Tinham crianças de 6 anos, adolescentes e idosas de 65, 70 anos. Viu a diferença? 
Aí você pensa: "E aí, como falar para esse público tão diversificado?"


Simples, trate todos de igual para igual. Não pense que só porque aquele garoto tem 10 anos que ele não vai entender sobre assuntos como sustentabilidade, responsabilidade ambiental etc. Da mesma forma, não pense que uma senhora de 60 anos não vai entender sobre a importância da reciclagem para o futuro ou que ela não vai entender o filme
Wall-E (reproduzido na oficina). Após eu compreender que não seria adequado eu utilizar duas linguagens, uma para os mais novos e outra para os mais velhos, fui testando "trejeitos" de abordar, discutir e acabei conseguindo adaptar uma forma de explicar o que era e como fazia fanzine agregada à conversas sobre a importância de comportamentos responsáveis ecologicamente. Linguagens iguais, respeitos iguais.

Desafio II - Pesado, realmente pesado!

Além da turma de crianças e idosos, tinha uma turma que eu não enfatizei muito aqui, pois era muito pequena(apenas 4 pessoas), que era a turma dos adolescentes. Não me preocupei muito com esses, certo, achei que como todo jovem, eles iam pegam tudo no ar. Aí...como a minha vida adora um desafio...
Eis que uma das pessoas, uma jovem, de mais ou menos 16 ou 17 anos, muito calma e quieta não sabia ler e nem escrever! Poxa vida, mas o que tem de errado nisso, a não ser o fato já conhecido? Certo, não era para ser uma surpreeeesa, mas eu sou estudante de PUBLICIDADE, gente! Eu não tenho técnica nenhuma de Pedagogia(a não ser as super úteis em oficinas) para auxiliar alguém em uma condição dessa. Fiquei com um medo tremendo! Vai que eu ensino errado, vai que eu traumatizo essa menina ensinando coisas que não são próprias para uma alfabetização, eu não tenho jeito! Eu não sei o que fazer!! (Era tudo o que eu pensava).
Como Deus é muuito bom(Amém! Amém!) e uma das idosas participantes era uma professora aposentada, tudo foi se resolvendo! UFA! 
Na hora da produção do fanzine, eu fiquei mais preocupada, claro, em como a adolescente ia fazer, já que além de enfeitar e colar figuras relacionadas à temática, eu pedia para escrever o porquê daquelas imagens estarem no fanzine, ou seja, relacionar imagem e texto.
Aí, como uma professora muito atenta, a Dona Rita auxiliou a adolescente usando a técnica de colagem. Pois ao conversar com ela, percebemos que ela identificava as letras, mas não sabia juntá-las para formar uma palavra e muito menos formular frases. Ou seja, ela só sabia olhar e dizer qual era a letra A, B, C, D... etc. Percebendo a minha angústia e esse pequeno avanço da menina, a Dona Rita ajudou-a e explicou que era só ela juntar as letrinhas que ela iria formar a frase que ela queria. Então ficou assim, eu perguntava à ela o que ela gostaria de escrever, ela me dizia, eu escrevia em um papel, e ela ia identificando letra por letra. Com isso, bastava era repetir as identificações recortando as letrinhas das revistas. Pronto! Só sucesso! Ela fez 3 páginas de fanzines assim! Demorava um pouco mais, sim, demorava, mas era gratificante ver que ela conseguia se expressar através das palavras dela. Que ela conseguia expôr o que ela pensava. Cheio de letras grandes e pequenas, de fontes diferentes, mas a ideia daquela frase era dela! E isso era o que importava.




Depois desses desafios, confirmei a minha velha teoria de que a gente não deve seguir sempre um padrãozinho. Achar que tudo vai ser do jeitinho como sempre é. Devemos lembrar que cada lugar é único, cada grupo tem suas peculiaridades e cada pessoa tem sua forma de se expressar. Dá pra juntar um pouquinho de tudo, fazer umas cambiarras, uns  mashups (próximo post), mas cada um é cada um.

Amém, Amém, Amém!





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