Existem
inúmeras definições para fanzine. O autor Henrique Magalhães, um dos maiores
especialistas no país sobre zines, explica que “o
nome fanzine é uma junção de abreviatura das palavras “fanatic”(fã) e
“magazine” (revista). É uma revista de publicação alternativa,
independente feita de fãs de um determinado assunto, objeto ou arte e voltado
para fãs do mesmo conteúdo (MAGALHÃES, 1993). No
entanto, o termo disseminou-se de tal forma que hoje engloba todo tipo de
publicação que tenha caráter amador, que seja feita sem intenção de lucro, pela
simples paixão pelo assunto enfocado, muitas vezes com o intuito de propagação
e potencialização de ideias de grupos que não possuem acesso às mídias
tradicionais.
De acordo com Magalhães, o fanzine teve sua origem no Brasil na
década de 1960 e não passava de “pequenos boletins mimeografados”. A partir de
evoluções tecnológicas como a popularização de fotocopiadoras, essa publicação
alternativa se desenvolveu e se sofisticou. No âmbito mundial, o zine teve destaque
no movimento punk o qual tinha como uma das filosofias evitar a mídia tradicional; além
de ser uma prática que integrava a máxima “do it yourself” (“faça
você mesmo”) e de empregar a violência estética, mas ao mesmo tempo simples muito
utilizada nesse movimento.
O fanzine incorpora vários fatores que fizeram dele um objeto de
estudo desta e de muitas outras pesquisas já realizadas por outras pessoas. Entre
estes fatores estão a criatividade, simplicidade, liberdade e o poder
informativo que este produto possui. Além disso, o zine passou a ser utilizado
por alguns educadores como um recurso lúdico e educativo. E é este potencial que procuro analisar.
Essa palavra(fanzine)
é considerada marginal por ser uma publicação que cresce à margem do que se
oficializou como meio de comunicação impressa oficial – os jornais e revistas –
e tem crescido nas últimas décadas. Se não bastasse isso, o fanzine tem
margeado a escola e, mesmo sendo de baixo custo, não o incluímos na sala de
aula como um recurso pedagógico que possibilita o exercício da cidadania, da
criatividade e da criticidade, além de ampliar o olhar ante as imagens que nos
são postas.(NASCIMENTO, 2010, p.123)
Para trabalhar com esse
tema, um novo campo foi criado, a Educomunicação.
Educomunicação é o nome dado ao campo de reflexão/ação que
une as áreas de Educação e Comunicação Social. Apresenta-se, na atualidade, sob a forma de
leitura crítica dos meios, produção coletiva de comunicação e epistemologia. O que a torna peculiar, em todas as suas
vertentes, é que ela coloca em destaque um dos temas mais importantes da nossa
história: a influência da comunicação social na formação das pessoas e na
consolidação da nossa sociedade. Essa compreensão, decorrente, em especial, da produção
coletiva de comunicação, resgata o direito humano de todas as pessoas,
independente de idade, gênero, origem ou titulação, também dizerem o que sentem
e pensam sobre assuntos que julgarem oportunos por sua própria vontade ou
necessidade. (Site www.educomunicacao.org.br)
Unir
a educação ao uso das mídias tem sido um recurso já muito utilizado por
escolas, mesmo que essa prática seja uma televisão na sala de aula para
apresentar documentários já maçantes para os alunos. Contudo, o que a
educomunicação busca é integrar os meios como uma forma destes estudantes
produzirem conteúdos. Fazer com que eles não sejam apenas receptores de
informação, mas produtores e críticos.
O
sucesso desse novo método pedagógico depende de como fazer com que os alunos
criem, se apropriem, manifestem seus interesses, valores, gostos e se divirtam
ao mesmo tempo em que aprendem, escrevem, leem, interagem, interpretam textos e
imagens. Inúmeras mídias poderiam ser analisadas para tais objetivos, porém
escolhi o fanzine por ser uma prática simples, barata e de extrema utilidade,
tendo em vista as reais condições de muitas escolas brasileiras.
Mas
como poderíamos encaixar o fanzine como um recurso interessante para os jovens,
devido às inúmeras maneiras de se expressar? Como um objeto de papel pode ser
instigador numa época em que telas e aplicativos imperam na visão de “legal”
desses? Como trabalhar a exposição de ideias, textos, desenhos, montagens sem
usar recursos tecnológicos, sem pensar na internet, nas redes sociais? Como os
professores reagem às produções de seus alunos? Estes são alguns dos
questionamentos que fazem parte da pesquisa que tem como principal objetivo
analisar como o fanzine pode auxiliar no aprendizado escolar.
Referências
MAGALHÃES, Henrique. O que é fanzine. São Paulo: Brasiliense, 1993. (Coleção Primeiros Passos)
MEIRELES, Fernanda. Zines em
Fortaleza(1996-2009) In:
MUNIZ, Cellina.(Org.)Fanzines: Autoria, Subjetividade e Invenção de si. Fortaleza: Edições UFC, 2010.
NASCIMENTO, Ioneide Santos. Da marginalidade à sala de aula: o fanzine
como artefato cultural, educativo e pedagógico. In: MUNIZ, Cellina.(Org.)Fanzines: Autoria, Subjetividade e Invenção de si. Fortaleza: Edições UFC, 2010.
SARLO, B. Cenas da Vida Pós-Moderna. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
www.educomunicacao.org.br
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